CONJUNTO HABITACIONAL EM MIRAMAR

ESCRITÓRIO

OBRAS E PROJECTOS

1988-94   (co-autoria com o Arqº José Carlos Cruz)
Rua Luís de Camões, Rua Egas Moniz, Miramar
Obra Construída
Dr  Manuel Bagulho e Alberto Baldaque 

PLANTA/ CORTES/ ALÇADOS

ESQUISSOS

MODELO 3D

FOTOGRAFIAS

MEMÓRIA DESCRITIVA

 

Este Conjunto Habitacional fica situado no gaveto formado pelas ruas Luís de Camões e Egas Moniz em Miramar, Gulpilhares, Vila Nova de Gaia.

Globalmente podemos afirmar que o conjunto, com uma cércea máxima de dois pisos (mais acesso interior ao terraço/solarium), obedece à lógica ortogonal definida pelo sistema de ruas a que pertencem os arruamentos que confinam o terreno, sendo composto por 8 habitações unifamiliares associadas em banda contínua formando um L e por 2 habitações geminadas, desligadas das restantes, (formando um L mais pequeno, oposto ao primeiro), que, ocupando a situação de gaveto, o afirmam, contribuindo desse modo, para uma boa definição da rua. Esta disposição das habitações é feita de modo a organizar e definir uma bolsa, bem caracterizada mas fluída, por serem mantidas ligações com o exterior, que se deseja ajardinada e arborizada.

A forma e o ambiente assim definidos, revelaram-se os mais ajustados à tipologia construtiva utilizada que se fundamenta basicamente no tipo de moradias unifamiliares em banda (derivando de lotes autónomos e com acessos individualizados).

A sistematização, a par de uma certa maleabilidade espacial, aconselhou a divisão de todo o conjunto em dois tipos fundamentais enquadrando-se no primeiro deles, a que chamamos 1, as 8 habitações que conformam o L maior, e no 2, as duas casas geminadas. No âmbito do tipo 1, convém definir um sub-
-tipo, que será constituído pelas habitações D e E, que ocupam a "dobra" do "L" e uma variante, devida às habitações A e H, as quais, estando situadas nos topos, apresentam mais uma frente virada para a rua. Ao tipo 2 pertencem as habitações I e J, geminadas.

Desta maneira, a cada uma das situações corresponde um determinado e específico projecto que passaremos a descrever:

TIPO 1 - Pertencem a este tipo as habitações B, C, F e G. Corresponde a uma habitação T3 de duas frentes com logradouro individualizado e desenvolvimento em dois pisos sendo permitida a utilização da cobertura como terraço visitável (solarium). No piso 1 para além da entrada, situam-se um quarto de banho de serviço, cozinha, zona de lavagem e tratamento de roupa, despensa e sala comum, abrindo esta última para o logradouro privado que serve de transição para o espaço verde

 

 

 

comum. No piso 2 localizam-se os quartos, dois quartos de banho completos, estando um deles associado à zona de vestíbulo de um dos quartos (o de casal), bem como, uma ampla varanda. Deste piso parte também um acesso vertical coberto para o solarium.

VARIANTE - Constituída pelas habitações A e H, difere do tipo 1 apenas por possuir uma terceira frente.

SUBTIPO - É formado pelas habitações D e E. Corresponde a uma habitação T4. Ao nível do piso 1 possui uma organização idêntica à dos tipos anteriores registando-
-se ao nível do piso 2 a existência de mais um quarto, sem que se tenha alterado, no entanto, o esquema-base, inerente ao tipo fundamental (tipo 1).

TIPO 2 - Enquadram-se neste tipo as habitações I e J, geminadas. Corresponde a uma habitação T4, de três frentes, com logradouro individual; desenvolve-se em dois pisos sendo permitida a utilização da cobertura com terraço visitável - "solarium". No piso 1, para além da entrada, situam-se um quarto de banho de serviço, uma cozinha, compartimentos diferenciados para lavagem e tratamento de roupa e uma garagem individual, a copa com ligação directa à zona verde comum e a sala aberta para um logradouro individual situado entre o edifício e a rua. No piso 2 para além de um hall de distribuição onde se encontram também os acessos verticais, existem quatro quartos e dois quartos de banho completos, um dos quais pertence ao quarto de casal, que compreende também uma zona de vestíbulo. Deste quarto salienta-se uma varanda (cuja disposição encontrámos não só nos muros da envolvente como nalgumas casas da zona) que contribui para marcar o cunhal do edifício conferindo-lhe a dignidade que uma situação deste tipo exige e dando, ao mesmo tempo, o remate necessário a toda a composição. Dos quartos situados nos topos do edifício é permitido o acesso a uma marquise que serve de transição para o terraço sobre o corpo da garagem, do qual parte uma escada para se estabelecer desse modo uma ligação fácil e directa do 2º piso da habitação com o espaço verde comum. Na cobertura situa-se o solarium, culminando em altura, a sucessão de espaços exteriores que se desejam fluidos e articulados, a que corresponde uma gradação na caracterização dos espaços, desde a semi-privacidade da zona verde comum, privacidade mais afirmada do espaço do solarium.

 

JOÃO PEDRO XAVIER - ARQUITECTO, LDA