RECUPERAÇÃO DE HABITAÇÃO |
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1997 |
MODELO 3D FOTOGRAFIAS |
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A casa, situada no centro histórico, na Rua Dr. António José de Almeida, 8, ocupa no quarteirão onde está integrada uma posição particular que lhe permite a abertura de uma segunda frente para o Largo Latino Coelho. Este facto legitima a proposta de abertura de uma janela e a transformação da janela existente em porta, com o consequente beneficio das condições de habitabilidade, seguindo, sob o ponto de vista compositivo, o ritmo de cheios e vazios da fachada principal, por sua vez determinado, pela tipologia dominante. Esta procura de dar continuidade ao existente, terá como corolário lógico a reconstrução da cobertura, com a adopção da mesma telha, embora este facto determine, sob o ponto de vista construtivo, alguns melhoramentos que se explicitarão em seguida. Ainda dentro do mesmo espirito, serão reconstruídas as chaminés e as que se colocarão de novo reproduzirão o desenho das existentes. No interior, a remodelação prevista permitirá a definição de uma habitação T1, ficando a sala com aberturas para a Rua António José de Almeida e a cozinha e o quarto com aberturas para o lado oposto, sendo a cota de pavimento diferenciada para garantir a concordância com as cotas do exterior. O quarto de banho, completo, ocupa a parte central da habitação (a sua ventilação está assegurada através de conduta própria). Nesta mesma área é resolvido o desnível referido sendo introduzido um outro lance de escadas de ligação ao "sobrado". O aproveitamento do "sobrado" como espaço habitável, possível devido ao elevado pé-direito, permite dilatar o espaço de estar, em continuidade com a sala, criando-lhe, no entanto, novos matizes. Embora, como se antevê da descrição apresentada, a intervenção proposta se paute pelo cumprimento das determinantes morfológicas do local, e pela observância dos aspectos tipológicos essenciais, prevê-se a adopção de outro sistema construtivo devido, por um lado, à impossibilidade de recuperar os elementos construtivos existentes que se encontram alguns arruinados e outros em adiantado estado de degradação e, também porque, a reprodução do sistema construtivo tradicional (admitindo - o que não é nada pacífico - que essa reprodução, com o mesmo padrão de qualidade, é possível) de paredes resistentes de adobe e estrutura de pavimentos e da cobertura em madeira, não permite garantir o mínimo de condições de resistência e durabilidade da construção (pelo menos sem custos incomportáveis de manutenção), naturalmente indispensáveis, sobretudo quando se tem em conta as alterações climáticas que se estão a produzir. O sistema construtivo proposto será então constituído por uma estrutura de suporte discretizada de pilares e vigas de betão armado com lajes, do nível correspondente ao "sobrado" e da cobertura, aligeiradas, realizadas no mesmo material, com o dimensionamento indicado nos desenhos. O piso térreo será realizado em massame de betão de 10cm de espessura sobre caixa de tout-venant de 20 cm. Para impedir as infiltrações por capilaridade, o betão em contacto com o terreno, até 10 cm acima do nível do terreno exterior, assim como, o betão de limpeza a realizar sob as sapatas, deverá ser hidrofugado. Os paramentos verticais, correspondentes às fachadas, serão paredes duplas, sendo o paramento exterior de alvenaria de tijolo vazado de 30x20x11, formando parede de 11, e o paramento interior de alvenaria de tijolo vazado de 30x20x20 formando parede de 20. A caixa de ar terá 4 cm e deverá ser convenientemente ventilada. As paredes de meação serão de alvenaria de tijolo vazado de 30x20x15, formando parede de 15. As paredes interiores serão de alvenaria de tijolo vazado de 30x20x7, formando parede de 7, e de tijolo vazado de 30x20x11, formando parede de 11, conforme os casos indicados nas plantas do projecto.
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Relativamente à impermeabilização de paredes e pavimentos, refere-se que as paredes exteriores deverão ser impermeabilizadas com argamassa hidrofugada assim como o pavimento térreo dobrando a camada impermeabilizante nas paredes envolventes até à altura de 10 cm.A face exterior das paredes exteriores bem como todas as paredes interiores de alvenaria de tijolo serão emboçadas e rebocadas com acabamento a areado fino. Existirá um rodapé de mármore branco na cozinha, à face da parede e à face das portas e ilhargas das respectivas bancadas. A cozinha e a casa de banho levarão lambril de azulejo branco até às alturas indicadas nos desenhos. Todos os pavimentos, após regularização com argamassa de cimento, serão revestidos a tijoleira mourisca rústica, com as dimensões de 15x30x2cm, assente de forma tradicional tal como indicado nas plantas do projecto. As soleiras a aplicar nas janelas e portas exteriores serão em xisto. As escadas interiores serão realizadas em massame de betão armado, betão ciclópico e betão armado sendo os cobertores revestidos a tijoleira idêntica à do restante pavimento. Os espelhos serão emboçados e rebocados com acabamento a areado fino à semelhança das paredes. Os tectos serão em geral emboçados e rebocados com acabamento estucado, à excepção dos compartimentos 6 e 9 nos quais será realizado um tecto, em placas de gesso pré-fabricadas de 13 mm de espessura do tipo Pladur ou equivalente, suspenso a uma estrutura metálica do mesmo tipo. Em relação à cobertura, para garantir o seu isolamento térmico, serão coladas, sobre a respectiva laje, placas de poliestireno extrudido de 5 cm de espessura. Sobre estas placas será efectuada uma betonilha armada com rede de galinheiro, de 3 cm de espessura destinada a receber sub-telha do tipo onduline e telha mourisca de canudo, para garante da sua impermeabilização. Nas cumeeiras deverão ser aplicados "telhões" do mesmo tipo. Os beirais deverão ser realizados de forma idêntica à existente. Os elementos que se salientam da cobertura (chaminés e respiros) serão rufados com chapa zincada. As esquadrias exteriores serão realizadas em madeira maciça de castanho ou, em alternativa, poderá ser utilizada madeira de takula, freijó ou undianuno preto. Os aros das esquadrias interiores serão igualmente de madeira e as respectivas portas serão contraplacadas em pinho ou freijó, tendo incorporados tacos de reforço para a fechadura ou fechos e dobradiças. Exceptua-se a porta da cozinha que será envidraçada, sendo as couceiras e travessas de madeira maciça. Todas as paredes interiores não revestidas a lambril e as paredes exteriores deverão ser caiadas. Os tectos com acabamento estucado serão pintados com cal e alvaiade com adição de fixador. Os tectos realizados em placas de gesso cartonado serão emassados com massa de estucar do tipo "Hantek (tintas Cin) 15/950" em toda a sua superfície e serão pintados do mesmo modo que os restantes tectos estucados. Serão pintadas com tinta de esmalte todas as esquadrias de madeira interiores e exteriores. O pavimento em tijoleira terá como acabamento cera natural. Será aplicado nas esquadrias exteriores, vidro liso incolor. Na esquadria P4 (porta da cozinha) deverá ser aplicado vidro liso incolor de 4 mm. A vedação dos vidros exteriores será efectuada com betume. As bancadas da cozinha e os armários superiores (ilhargas, fundo, costas, gavetas, portas e prateleiras) serão realizadas em placas de aglomerado revestidas a fórmica; o rodapé e os tampos serão em mármore branco. |
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