RECUPERAÇÃO DAS ESCADAS DO CODEÇAL |
|||
2000 (co-autoria
com o Arqº Adalberto Dias) Zona Leste A, Batalha, Porto Projecto de Execução Sociedade Porto 2001 |
|||
1. Introdução O Projecto de Remodelação das Escadas do Codeçal enquadra-se no âmbito do Projecto de Requalificação da Baixa Portuense do Porto 2001 - Área Leste A. O arruamento que se denomina como Escadas do Codeçal tem início na Travessa de Santa Clara e vem desembocar à Av. Gustavo Eiffel (via de acesso ao Túnel), embora o troço correspondente à escadaria propriamente dita apenas se inicie, sensivelmente, a meio caminho. 2. Situação Actual A parte inicial do arruamento tem na parte central um lajeado granítico que serve de recobrimento a um aqueduto e nas partes marginais um pavimento de calçoto misturado com paralelo também em granito. Em qualquer caso, verificam-se assentamentos dos materiais e, além disso, o perfil longitudinal da rua é muito irregular e pouco compatível, nalgumas circunstâncias, com as cotas de soleira das construções que a delimitam. Quanto à escadaria, o seu estado é deplorável devido à degradação dos degraus de granito que se encontram desgastados e, na sua maior parte, partidos. Da mesma forma, o pavimento dos patamares revela assentamentos importantes, falhas de material e, também se verifica, como no arruamento a montante, a conjugação indiferenciada de paralelo e de calçoto de granito, materiais pouco apropriados, ademais, ao desejável conforto da marcha. Por outro lado, como estas pedras são cintadas por fiadas de lajeado configuram no pavimento um desenho com uma geometria regular que não se adequa à diversidade de formas que a escada e seus respectivos patamares apresentam. Regista-se ainda entre a igreja de Nª Senhora do Patrocínio e a fraga, onde as escadas sofrem um enorme estrangulamento, a existência de um aberto resultante das demolições que foram efectuadas para a abertura do túnel, que urge resolver. Como é evidente, esta situação é o ponto mais crítico e mais determinante da intervenção, dado o valor arquitectónico e paisagístico dos elementos em presença, a multiplicidade de intervenções diversas que se foram sucedendo no tempo e que importa agora compatibilizar e ainda a condição privilegiada de miradouro inerente àquele local. 3. Proposta A proposta de intervenção nas Escadas do Codeçal consiste, essencialmente, no levantamento da calçada existente e dos degraus da escadaria (a reutilizar noutro local de intervenção da Zona Leste A), de modo a permitir remodelar todas as infra-estruturas e corrigir, onde necessário, o perfil do arruamento e da escada. Qualquer dos pavimentos, previsto como acabamento, será assente sobre massame de betão armado com malhassol realizado sobre camada de tout-venant e caixa de brita devidamente compactada, excepto nas situações onde se prevê a execução de lajes de betão armado.
No arruamento será reaproveitada a passadeira central de lajes
graníticas (depois de garantida a estanquecidade do aqueduto -
ver projecto de drenagem de águas pluviais) que se estenderá
até ao arranque das escadas (o mesmo se propõe na Tª
de Nª Srª das Verdades). Nas franjas dessa passadeira optou-se
pela utilização de cubos de granito de 11.
|
|
aos degraus, variando de largura para se adaptar às caixas de visita às diversas infra-estruturas. Para isso, todas estas caixas serão rebaixadas e revestidas com uma laje de granito idêntico ao do pavimento. Mantêm-se as plataformas de acesso às casas que marginam a escadaria (com excepção da plataforma associada ao lanço de escada E23 que será realizado com pedra nova), com substituição pontual de uma ou outra pedra partida, e os respectivos muros que as suportam que, regra geral, serão rebocados. Nalgumas situações, como ao lado dos lanços de escada E18, E15 e E7, foram recriadas novas plataformas sendo essa sua condição afirmada no desenho mais despojado e no revestimento a granito dos muros de suporte construídos expressamente para o efeito. Intervenção de maior monta merecerá o largo situado sensivelmente a meio da escadaria, junto a um pilar da Ponte Luiz I e defronte a uma belíssima casa do séc. XVII. Atendendo à sua localização e características formais, bem como à sua envolvente, procurámos dotar este espaço de condições aprazíveis de estar, dotando-o de dois bancos realizados em granito. Um deles, apresenta uma configuração próxima dos bancos existentes que rematam as plataformas e, por isso, adossámo-lo à que ladeia o lanço E15; o outro, situado defronte do primeiro, ficou agarrado à quadrícula de lajes de granito que propomos como pavimento do largo. Junto ao pilar da ponte criámos um pequeno lago que se desenvolve em dois níveis de modo a criar uma queda de água. Nesta mesma zona, visando o eventual aproveitamento como jardim de um terreno público situado sob a ponte, afastámos o lanço de escada E15 do muro que o limita para permitir, futuramente, a sua interligação com o largo. O cerne da intervenção, como já advertimos, encontra-se na encosta de acesso às escadas, onde estão bem patentes todas as cicatrizes resultantes das demolições do casario e dos jardins e hortas do convento. É nesse ponto que a velha escadaria se abre para o rio (embora actualmente essa vista esteja parcialmente encoberta por um muro) para virar de seguida para uma sucessão de lanços construídos aquando da definição da via de acesso ao túnel e com o direccionamento da mesma.
É simultaneamente uma questão de remate que está
em causa e também de cosedura de duas situações distintas
quer em termos formais quer temporais. |
|